quinta-feira, 8 de outubro de 2009

asfixiaram-me os olhos de água

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O fim-de-semana grande

Adeus monarquia, Bem-vinda república, obrigada feriado.

22 gosto do número
Ele houve festa, ele houve dança e bubianca, ele houve passeio até Sintra e Tróia, ele houve cama durante todo o dia, ele houve um pé a doer muito sem saber porquê, ele houve narguilla e conversas ao acaso. até houve tempo para nostalgias e sentir o frio a enregelar os ossos. hoje tenho um pé maior do que o outro às pintinhas roxas, está com mau aspecto. Quero a minha mãe.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Provavelmente o seu lado social não estará muito activo nestes dias.
Aproveite para estar só, para reflectir e encarar os seus medos de frente.




criarei um mundo novo sem pesadelos
a água onde me movo é feita de gelatina, e eu quero chegar a tempo não sei aonde e espreito e vou embora e caio
e as pessoas vêm e vão e já ficam tão poucas
a água não me deixa passar, cola, tapa, seca

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Génesis


recomeçar. festa. reencontros. vestido vermelho. eléctricos. chuva miudinha de madrugada. lágrimas, muitas lágrimas. recomeçar. declaração. abraço apertado. um dia triste ensonado. recomeçar. um filme aquém. uma noite bem dormida (finalmente!). um trabalho, como começar. estar em casa. o café da manhã. dormir com calor e arrepios. acabou. recomeçar. dormir, trabalho acabou. outro dia, outra semana. recomeçar. conto dias. conto dias para respirar e não sei porquê. recomeçar. um serão nosso, só nosso. chegou o Outono. gosto do estalar das folhas no chão. já cheira a terra húmida.
conto dias e não sei porquê.

(sinto-me motor que a cada passo que dá deve aquecer e respirar prof
undamente. recomeçar. deixem-me ir com eles.)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

2h de sono

2h de sono. tontura. por mim dormia até pro ano

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Vai que não vai

Correrias telefones aldrabices. E eu no meio.

Odeio telefones.
Hoje o meu sonho era uma marioneta gigante, colorida...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Depressão Sazonal

Enquanto o senhor da redbull falava comigo com uma voz charmosa pus-me a pensar e foi isso. Já sei. Eu sou uma depressiva sazonal. As folhas começam a cair e a estalar no chão, os meus cabelos também começam a cair e as larvas roem por dentro. É isso. Numa retrospectiva de anos passados de facto, agora que me ponho a pensar, foi sempre isso que aconteceu. Até o senhor querido no eléctrico comentou. Deve ser isso. Quando as folhas caem...

Não volta

Hoje sentei-me na esplanada, dantes amarela, agora amarela, laranja, vermelha, por curtos minutos. Subi as escadas em caracol, esperei na fila da secretaria durante tempo infinito. Reconheci rostos. Reconheci-nos a nós sobretudo. Os cafés, os cigarros, as cartas, o nervoso antes dos exames, as fartadelas da vida, conversa fiada, tardes boémias que se prolongavam até escurecer, programas combinados, desesperos, alívios, desilusões, surpresas, nós todos, só alguns, mais alguns, saudades de casa, ódio à terra, laços nascidos e crescidos por ali. Tive saudades, tenho saudades. As novas pessoas que vão estudar o mesmo que nós (não estudámos), estão eles em vez de nós. Já não estamos. Os livros na esplanada, os jornais espalhados. Uma volta no ar. Um abrir e fechar de olhos e estou ali sem estar, emaranhada nos recortes daqueles pedaços de vida passados ali.

e volta e passa e vem e vai e encontra reencontra e volta e passa e não volta e repete e remete e volta e passa e dança e alcança e morre e nasce e já não volta e encontra e perde e muda e teme e vai não volta agarra larga e passa e vem e não volta

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Olhos mortos

"Naquele tempo
Tu vinhas de noite à procura de amor
E eu fumando um cigarro
Esperava por ti
Quando chegavas
Abrias a porta sem me avisar
P’la noite fora
Ficavas abraçada a mim

Na cabana
Junto à praia
Entre as dunas e os canaviais
Só o vento
E o mar
E as gaivotas
Falam desse amor

Na cabana
... ... ...

Todos os anos
Eu volto em agosto ao mesmo lugar
Já uma hera
Cobriu a parede do quarto
Dava dez anos
De vida para te ver voltar
Posso estar farto
De tudo mas nunca me afasto

Da cabana
... ... ...

Da cabana
... ... ..."

José Cid

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sedativo


Hoje vou sair na última paragem, vou chegar já de noite. na rouquidão das folhas que começam a cair. é uma viagem longa que atropela fantoches descobertos pelo tempo. lembro-me de ti sentado a meu lado de sorriso imóvel no rosto.
Hoje vou sair na última paragem, esperar que o comboio parta de n
ovo para me despedir e me reencontrar no cheiro a terra húmida, no céu aberto de estrelas, nas vozes diferentes do povo.
Vou esperar de pernas cruzadas e rever a partida, ficar ali na fronteira entre entranhas minhas deixadas nos carris desde sempre e as novas vísceras que se constroem, se cosem e se rompem transformação de um novelo do amanhã.
Hoje vou sair na última paragem. Hoje vou chegar. Hoje vou partir. Continuo num círculo partirchegarchegarpartirchegarpartirpartirchegar.
Seja a viagem o meu sedativo.

Pormenores

circunstância particular, detalhe.

agarrar o ínfimo num abraço, uma questão de segundos, o momento que é só agora e foge e eu entrego-me numa evasão de vento. detalhes, detalhes fugazes que me enchem de vida, que pintam os sonhos abafados e baços. Agarro um sonho num beijo de boa noite, num copo de vinho frutado que me põe a cabeça a andar à roda, uma cama feita de lavado, uma salada feita do coração, um café de fim da tarde, compras de coentros. detalhes, detalhes. histórias que encontro em cada recanto de coisas que fui, com quem fui, sobre o que fui, são performances invisíveis inertes nas pedras da calçada. Tontura de recordação.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Desabafos ensonados

No passado dia 4 fiz um mês de estágio. Não, não passou rápido. Neste mês aprendi alguma coisa sim, nem que tenha sido uma aprendizagem de auto-controlo dentro de 4 paredes e uma inibição de impulsos numa possível fuga para o exterior. Sinto-me como os putos que vão para a escola e não conseguem estar tanto tempo quietos e sentados na secretária. É deveras complicado. Pedi anti-depressivos à minha mãe mas ela achou que estava a exagerar. Pelo menos tenho o consolo de lhe telefonar de manhãzinha e dizer "Mãe não quero ir" e ela diz "Eu também não" e começamos a enumerar todo o sono que temos, as dores de cabeça, o que nos vai calhar nesse dia para fazer, e uma lista emocionante de coisas que poderíamos fazer se não tivéssemos que ir dar o corpo e a mente ao manifesto. Tenho saudades da minha mãe.
Acho que estou a sofrer uma depressão pós-licenciatura (mais ou menos) aliada com a experiência de um verão invisível. Dói-me o corpo, tenho borboletas na barriga quando me levanto, tenho o pulso direito magoada por causa do rato do computador e da camera, dores nas costas e de certeza uma visão cada vez pior. Além do mais conto os dias para o fim de semana, o que é de facto GRAVE. PIOR só mesmo morrer ao fim do dia e não ter vontade para fazer mais nada além de estar de t-shirt e cuecas deitada na cama. O que eu gostava mesmo era de ter gripe A. Mas acho que já nem os vírus me pegam, já não estou tenrinha.
Também tenho saudades de Viana e das pessoas nortenhas que bebem finos em vez de imperiais e dizem caralhos a torto e a direito.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ondas

Foram 4 dias entre a Zambujeira e a Praia do Amado de tripé e câmara de filmar às costas, uma mochila, calções e chinelos, e um protector solar comprado a correr. Vesti-me de jornalista e acompanhei a vida de miúdas entre entre os 6 e os 18 anos num surf camp. Voltei às inseguranças e sonhos dos 15 anos com uma prancha imaginária. Até ao momento em que quase me obrigaram a pegar num fato e numa prancha e tentar a minha primeira onda. Depois de muito trabalho, de algumas explicações, a sensação de voar por cima de água embalou-me o corpo e a alma e fiquei ali sem me querer despedir da água salgada, dos olhos vermelhos, do sol a queimar-me a cara, das dores no corpo, da magia de apanhar uma onda. E não ser mais nada.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Reencontro

As borboletas na barriga não paravam de esvoaçar em tudo que era bocadinho de corpo. A manhã foi complicada, não conseguia estar sentada nem um minuto. Bebi mil copos de água só para me levantar e esticar as pernas, encher o copo e sentar-me outra vez. Uma mulher gritou-me ao telefone e eu ainda mais nervosa fiquei. Ia caindo mil vezes na calçada portuguesa com os meus sapatos roxos enquanto finalmente caminhava em direcção ao Pingo Doce. Comprei Super Bock fresquinha. O Nuno chegou no carro emprestado e eu só me ria de nervosinho. Destino: aeroporto. As primeiras duas Super Bock bebidas, condução com o joelho.

saltinhos, pontas dos pés a subir e descer, pé em círculos, mexer no cabelo, relógio, voo aterrou, mais saltinhos, mais espera, mais coração a saltar pela boca, esperar... O Nuno a gozar comigo.

e então... finalmente. As mil malas, o chapéu, os casacos na mão, e não poder estar nem mais um segundo longe de ti.

a paisagem, a casa, o edredon que eu adoro, o Bairro Alto, a Adega das Mercês, a cabidela, a conta caralho, o cansaço e o álcool, escadas muitas escadas.


Respirar profundamente sem magoar

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Suspiro profundo

É hoje, é hoje!!! tenho bichos carpinteiros e cócegas na barriga e vontade de saltar e de correr! 3 horas e meia!!!!!!
yeahiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiweeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Pequenos Prazeres

Tive um fim-de-semana que me aconchegou. A família ainda de férias levou-me À ilha da Fuzeta com primos grandes e um pequenino. Sugo os fins-de-semana até ao tutano. Mil banhos, mil ondas, castelos, sesta na praia, passeios na areia com a mãe, finos com o pai, croquetes, mais mergulhos, creme, torrar na toalha, paz. Subimos até ao Alentejo, dormi em Évora de fugida. Os finais de tarde alentejanos em pleno Agosto fascinam-me. Azinheiras a perder de vista, não se percebe o horizonte, a bola de fogo desaparece no meio de girassóis.

E hoje de manhã voltei, no meio de uma fila de carros enormes, trazida pelo pai como se fosse para a escola, para a grande e barulhenta Lisboa.

E é o amanhã que me entusiasma.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Tic-Tac de caracol

O minuto não avança. Fica ali parado, sozinho à espera que os olhos lacrimejem da violência que é não o ver passar. Só passas quando não olho. Hoje é difícil manter os olhos abertos por mais tempo. Mais um minuto e caio. O corpo e o cérebro trocam sinais de fraqueza e o minuto não passa não passa. O tempo só voa quando não deve.

Telhados de vidro


Tenho a leve sensação de um camião que me acabou de atropelar. Já não percebo se é do cansaço, se algum vírus que me veio visitar, se da noite mal dormida. Hoje o caminho casa-trabalho foi eterno, no meio de delírios ainda do despertar em sobressalto, ouvia vozes longínquas a combinarem programas ou a desejarem um bom dia. Dormitei todo o caminho, um dormitar que me deixou as olheiras mais profundas, o corpo mais dormente e a cabeça ainda mais pesada. Estou cansada, estou estupidamente cansada por fora e por dentro. Hoje nem uma injecção de cafeína me levanta. Em frente ao computador começo a ver letras duplicadas, fico parada a olhar sem ver, a luz do ecrã magoa-me os olhos ainda mais do que o habitual e é pesado pesado. O fumo do tabaco deles entra-me pelo nariz acima e faz-me não parar de tossir. Hoje tenho cada célula com uma sensibilidade alucinante. Sinto-me nua. Hoje conto minutos embrulhada em vidros estilhaçados.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Atracções Insólitas

«Um Retrato de Costas

Um retrato de costas. Encontro este retrato numa velha gaveta. Casa antiga. Fechada. Há quanto tempo fechada por dentro? Casa dentro da cidade. Sala dentro da casa. Armário dentro da sala. Gaveta dentro do armário. Retrato dentro da gaveta. Retrato de costas. Costas sem peito visível. Onde estarão os olhos? E terá mesmo olhos? E o corpo terá mesmo volume? E matéria? Ou será só costas, uma superfície escura, uma mancha levemente curvada a indicar os ombros? Ou a pergunta escondida? Onde estará o peito? Virado para lá ou só costas do lado de cá? Onde aí estarão os olhos? Que profundidade contemplarão? Que espaço construirão? E, a que voltará as costa esse peito? Do lado de cá a escuridão da mancha das costas na fotografia. Mas que saberão os olhos que eu não vejo das costas que impressionaram esta velha chapa fotográfica? Que saberá esse peito do meu peito? Que verão esses olhos dos meus olhos que agora interrogativamente observam as costas negras do peito que nunca poderão ver? Será o espaço das costas tão só imaginário como parece ser o espaço do peito? Serão mesmo estas costas a fronteira, o limite entre o real e o imaginário? Ou será afinal só uma velha fotografia dentro da gaveta. Gaveta dentro do armário. Armário dentro da sala. Sala dentro da casa. Casa dentro da cidade. Cidade dentro do País. País dentro do Mundo. Mundo dentro do Universo. Universo em que as noções de costas e de peito são tão relativamente relativas que só no meu peito e nos meus olhos vejo realmente as costas negras deste retrato de uma pessoa que desconheço e que poderia talvez até ser eu próprio.»

Melo e Castro

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sexta


Não estou muito convencida com as cores do blog.
Dou graças pela existência do facebook.
Está calor aqui dentro.

A minha cultura geral acerca de marcas de café aumentou imenso, a jogar ao stop ninguém me vai parar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Olha, é a vida!


Eu estou um bocadinho triste, vá.
Só um bocadinho.
2009 é marcado por dois até três acontecimentos importantes na minha vidinha (mas o terceiro não digo). O primeiro refiro-me aos belos 11 meses de erasmus em Bologna, o segundo refiro-me às férias que não tenho. A minha mãe telefona-me do México a dizer que nunca provou água do mar tão quentinha e eu digo-lhe que não quero saber mais nada por favor.

Arranjei uma casinha de bonecas na Mouraria, lá pros lados de S. Cristóvão como diria o meu avô (e é mesmo). Tenho uma magnífica paisagem e um chão de madeira antiga e paredes azuis e vermelhas. Também tenho muitas escadas para subir até aqui, o que até é bom porque a trabalhar com horários como as pessoas grandes, é memso verdade que não se tem tempo para nada. "Ah vês, agora já percebes o que eu dizia! A vida custa a todos." Carralhos pá. O horário das 9 às 18h é um período diário de cronometragem, quero dizer, cada minuto passado é um alívio e uma vitória de sobrevivência. Às 17h59 faço o meu xixi de final da tarde, também para gastar alguma água do autoclismo e às 18h em ponto saio daquela porta com grades e dou um salto no ar, às vezes estou tão em êxtase por respirar ar puro que não olho para os lados e quase sou atropelada diariamente. Depois tenho a bela viagem de eléctrico, muito bonita para passear, não para tentar chegar a um sítio longínquo do local de trabalho. O eléctrico nesta altura está sobretudo cheio de italianos e avecs (acho sinceramente que os italianos este nao derrubaram os avecs em número) bronzeados e vermelhos de guias turísticos nas mãos e com ar saudável de férias. Matava-os a todos.

O meu maior desejo quando saio do tal estabelecimento prisionário é beber uma Super Bock fresquinha e absorver toda a pouca luz do dia que resta. Lisboa é bonita pá. Só vou para casa depois, já noite, subir as escadinhas que me farão bem aos glúteos, ver o misto de Zé Povinho + Gente estranha + Bêbedos + Famílias queridas + Velhinhos nas janelas + Turistas + Paquis da minha rua, subir mais escadas e casa. E já estou cansada e só me apetecia um sofá que não tenho e uma massagem no pescoço.

Vou ter muitas moradas de aluguer. Já começaram. E agora mais do que nunca tenho este pressentimentozinho que vão ser muitas muitas e eu vou ser deserdada mas amada na mesma pela família. Claro que tenho que começar a não trabalhar de borla e a exigir algum ordenado, mas por agora, olha é a vida. Mas eu vou-me esforçar para que a minha seja interessante, prometo.


Lisboa está bela e diferente e eu estou diferente em Lisboa e o contexto é diferente o de estar em Lisboa
Preciso de conhecer de novo Lisboa.