sábado, 30 de abril de 2011

andei à procura de restos de carinho nos caixotes do lixo que se esqueceram de levar

domingo, 17 de abril de 2011

uma mochila


carrego-me às costas. não sei bem se posso largar a mochila. para onde vão os tons alaranjados do teu cabelo? se mudar a posição podem-se transbordar os sonhos. transbordo de sonhos. vem-te sentar aqui. não quero. perco-me em memórias. as passadas e as futuras. em flash. mas estou aqui. não me peças para sentar. preciso de caminhar. nunca páro, sabes. às vezes. pause. era bom. mas já estou a cruzar linhas de caminhos de ferro. olha estas três palavras. caminho de ferro. que bonito. andamos sempre em caminhos de ferro. transformam-se muitas vezes em gelo quebradiço. nunca páro, sabes. qual foi a última pessoa que olhaste nos olhos mais de uns segundos...? não me lembro. porque ninguém olha nos olhos mais de uns segundos. concentra-te na íris e conta as cores, os riscos, a pintura, a tinta que escorre. escreve-me o que viste. grita o que viste. onde vais? nunca sei. fica mais um pouco. não posso, este ardor. que foi. arde-me. arde-me a pele e os olhos, os lábios latejam. tenho de andar mais rápido. acontece quando abrando a marcha. sinto cada engenho do meu corpo a conter a conter. mais rápido. para outro lugar para nenhum lugar. mais rápido. à velocidade das imagens que se esbotam pela janela. corre. CORRE!