domingo, 12 de setembro de 2010

«Nortada»

Recortes, imagens, episódios que se guardam sem quê nem para quê. Paisagens dela, na terra dela, na terra que não me viu nascer mas que me viu crescer, na terra onde me tornei eu, a terra que desprezei e quis fugir, na terra pequena demais para dar mais. Saí e respirei de alívio. E lá de longe apreciei o corpo desta terra viva e gritante. Voltei e pedi-lhe perdão. Sabe que parto sempre mas que volto para me re-encantar. A terra dela que se tornou minha, aqui na vida, ali no palco.

E na «Nortada» sente-se o cheiro de Outono a uvas-morangas, o vento nos cabelos e no rosto, a água gélida do mar, o sotaque "cantadeiro", os bombos, as Laurindinhas, os lenços na cabeça, os vendedores, as feiras, o vinho, a broa e o bacalhau, a humidade no ar, o linho, os charlatões, as igrejas, as moças, os moços, os castiços, respira-se respira-se.
E pela primeira vez ali senti que pertencia a Viana num revivalismo da terra em movimento.


Aplausos de pé.


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