sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Adeus 2010
foi retalhado. contrastante. fiz muito e não fiz nada. o outro lado do mundo e o Beco do Depósito. escolhas. a primeira que apareceu (concretizável). espera. espera. esperas. desejo. saudade. tanta saudade que já não sei viver sem ela. tanta saudade que já nem lhe sei chamar saudade.
preciso dos 12 desejos. das 12 passas. não gosto do número 11. é hirto, formal, só sobra um do número redondo, fica ali sozinho, tem nariz empinado, só come talos de alface, anda sempre para o mesmo lado.
um dia hei-de ter a passagem de ano dos meus sonhos. um dia.
e agora que a noite me surpreenda. e como não é pedir muito que o ano também.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
desilusões
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
vai-se tudo
vagueou a vestimenta lustrosa,
vi-a bela, vigorosa. vai-te agora.
velha, verde, viscosa.
venha outra, vá esta fora.
vou. não sabes mas estou mais viva mesmo sendo veículo de velocidade móvel.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
por três segundos
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
o quase e o não-sei-quê
«Dancei num matadouro, como se o sangue de todos os animais que à minha volta pendiam degolados fosse o meu»
os órgãos deviam ser de usar e deitar fora (os órgãos da alma inclusive)
mas depois vinha a reciclagem e estragava tudo
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Frio de Dezembro
antes fosse ressaca.
um voo cancelado. o mesmo trabalho. Curriculum Vitae no bolso pronto para ser distribuido. trabalhos, leituras, dias inteiros recolhida na biblioteca.
a folga para nada.
sentados com uma sopa de lentilhas à frente. um centro comercial num feriado. famílias inteiras, passeio de feriado.
estou a engordar de solidão
deixa ir ao fundo, deixa ir até ao lodo, vamos bater com força e depois... tudo será mais calmo, as coisas vão acontecer.
que certeza? tudo incerteza, tudo dados não adquiridos, tudo efémero, tudo onde não se pode agarrar.
então?
pensava que ia ser diferente
a sopa de lentilhas estava boa mas costumava ser melhor
tem uma ideia.
de foram.
riram-se até chorar. algumas vezes. mascaramo-nos.
tudo ficou igual. mas estavam ali os dois. em silêncio em frente ao mar. sol intermitente.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Quando ele me perguntou o que eu queria
elogio ao amor puro
The Kiss - Gustav Klimt
"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, banancides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. é uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra.
A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
Texto de Miguel Esteves Cardoso in Expresso
eu respondi «quero que sejas louco por mim, quero que não consigas viver sem mim».
ele pestanejou e fingiu que não ouviu diante dos meus olhos rasos de amor .
domingo, 28 de novembro de 2010
A partir das sombras do «Sombras»
o trapo manchado de sangue, a caminhada lenta e trôpega da vida desliza até a um palco e estanca empoeirada a um canto como o lixo do mundo
Eu ia mais feliz lá para onde se vai se o Senhor me desse os bons dias
sombras solidão, se soubesse sentindo Sebastião, soa-me a silêncio severo, sabes?
Encontrei o amor mas perdi a vida
os estilhaços da janela já se esperavam ouvir, o estrondo do corpo que mais monstro ficou na morte
era luar da meia noite
e na rua passou Ninguém.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Lago dos Encantos
fico mais perto. embrulho-te cada semana em fios de saudade e trago-te comigo. enches a casa de uma voz fininha, estridente, gargalhadas, gritos, sons, diálogos em voz alta de menina. às vezes peço-te em silêncio que me recordes como se faz. vamos inventar a palavra tempo e abrir espaço só para nós nessa palavra. um recanto nosso, só meu e teu onde cada passo de dança é o eco do sonho. rodopiamos de mãos dadas e o mundo fica às avessas, o mundo é às avessas e brinca às escondidas. somos transparentes como eles. juntas vivemos no Lago dos Encantos.
hoje inventei a palavra abraço e já sei o que quer dizer.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Brincos de princesa
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Testosterona feminista
Foi só uma introdução.
O que eu quero partilhar (mesmo sabendo que escrever neste blog desconhecido é mais falar comigo e perceber-me do que propriamente mostrar), são aquelas situações que quando terminadas tantos elementos do sexo feminino têm esta reacção: suspiram profundamente com ar de vencedoras, brilho nos olhos, o verbo desenrascar e levemente, sem querermos, vem aquele pensamento (que já não é legítimo ter porque já se sabe, mas que ainda paira em nós) que não precisamos de um homem para nada.
Bom, tive alguns momentos de triunfo desta testosterona feminista quando por exemplo:
1) Salvei a casa da inundação que começou na varanda e se alastrou pela cozinha, tirei água à baldada, molhei-me toda, desentupi o ralo com uma faca e depois não ocnseguia tirar a faca, inventei um mecanismo para tirar a faca, mentira já, tive não sei quanto tempo a tentar tirar a faca desentupidora do ralo que depois estava a entupir o ralo. Mas consegui.
2) Fascina-me a organização de burocracias, papéis para isto para aquilo, que lá em casa só o pai é que faz, a mãe não quer saber, mas depois lixa-se que nunca sabe. Check. Mandar à merda um gajo que está a mandar bocas e a ser nojento (nota-se: à noite. nota-se: o bom da chuva é andar de guarda-chuva, qualquer coisa, podem-se tirar olhos ou o que a reacção se lembrar).
3) As compras. Leite e garrafões de água. Sem carro. A chover. Sem outro elemento para ajudar. Declaro que sentir os braços quase em desmaio, a tremer por causa do esforço de conseguir levar seis pacotes de leite e um garrafão de água mais um saco de plástico com bananas do Pingo Doce à minha casa é uma satisfação de independência. Tal como ter carregado com a estante pelas escadas acima, três andares. Adoro no fim.
Não percebo bem porquê nem como mas nestes momentos de testosterona feminista posso ser por uns minutos uma mulher calculista, fria, racional, independente, altiva. Características de "má" pessoa que até davam jeito. Às vezes.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
amor e morte dois amantes
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Ângulos
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
«O que pode acontecer imperceptivelmente, quando um olhar meu, na rua, «apanha» um outro olhar: não se sabe como, dois corpos (e dois espíritos; melhor: dois inconscientes) encandeiam-se um no outro, numa espécie de captura recíproca. Envolve-os um mesmo meio que transmite directamente as forças de um corpo ao outro.»
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Não comunicação
Fico como ela quando o sopro da tua palavra chega distorcido, apressado, sempre na correria dos dias. Fico de pé, inerte, sem passado nem presente, com cortes no pensamento.
Estás a ver aquela árvore no cimo daquela colina?
Não existiu sequer árvore nos dias em que o sopro da tua palavra não se precipitou nem com secura, nem com um escarro engasgado na garganta.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Como coisas caindo
que se afastam e se aproximam; sempre a caminho
do desencontro que é a sua destinação sem destino:
O amor sem memória que não a da promessa.
Há uma música - cordas que vibram a folhagem nervosa do céu
enquanto a percussão vinda do fundo chega alta e devagar retira-se
para que uma flauta se acenda ondulante e se interrompa breve
- uma música sem voz que ao silêncio desse uma língua viva,
uma música que os dança na escuridão densa do sangue e,
na prodigiosa elegância em que se movem demasiado lentos
à beira do amor ou da perfeita solidão, à beira da despedida,
um de cada vez, um após o outro, perdendo-se, dançando.
(...)»
in Migrações de Fogo
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Quando o sol não chega
descolagem, fragmento, passagem, um continua o outro vai na direcção contrária, ou simplesmente vai noutro ritmo. o estalo do som faz entra pelo ouvido, corroi, enleia-se na cabeça e agarra-se ao pescoço e às costas como um carregar da cruz. tudo se move. impotência de fazer parar. se por um segundo fosse estático. talvez, talvez...
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
domingo, 17 de outubro de 2010
sábado, 16 de outubro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Invicta
Simpática, confortável, com boa companhia, mas ainda sem colchão.
Com um bar/café/livraria/atelier giro ao virar da esquina.
Gosto de ver as coisas a ganhar forma.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Sem carteira nem telemóvel
Entrei na estação, a correr, atrasada, com uma nota de 20 euros no bolso para ser mais rápido na bilheteira. Fila. Pedi para passar à frente. Comprei bilhete. Corri. Mais um segundo e tinha visto o comboio a ir embora. Sentei-,e e respirei. Merda, não trouxe nem telemóvel nem carteira. Que bonito. Depois de muito me auto injuriar achei que não podia fazer nada e ia a caminho do Porto. Mal cheguei procurei uma cabine de telefone. Telefonei à minha mãe não atendeu. O pai atendeu. Mandei-o escrever as minhas indicações: carteira em cima da cama ou no carro, alguém que mande uma mensagem à Ana para ir ter às x horas ao pé do Capa Negra. Vamos lá ver se funciona. Funcionou. Ainda tinha dinheiro (da nota que enfiei no bolso). Correu tudo bem, encontrei a amiga. A mensagem tinha chegado. Uma ideia brilhante surgiu. Um autocarro partia de Viana em direcção ao Porto às 15.15h. Alguém que leve a minha mala ao motorista do autocarro e eu faço-lhe uma espera na Batalha. Vamos lá ver se funciona. Cheguei de bofes de fora à central, pouco passava das 16h. Esperei quase até às 16.30 e vi o autocarro a entrar. Às vezes apanhava aquele para ir para Lisboa. Como sempre (sim, não foi a primeira vez que um motorista da Rede Expresso me salvou a vida) gozou comigo e fez o joguinho de 'ah ninguém me deu nada' mas lá estava a malinha preta. 'Obrigada senhor, salvou-me o dia'. 'De nada menina, disponha!'. Que querido. A minha identidade foi retomada. Não dá mesmo para viver sem dinheiro nem com aquela caixinha que nos põe a toda a hora contactável. É assustador. Mas pior foi estar sem eles.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Viva a República!!! 1910-2010
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que eu quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz pricipitado.
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.»
Sophia
«Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande.»
Aleixo
domingo, 3 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
Últimas três semanas - olá Outono
Vou/ estou no Porto.
Tenho um cabelo novo.
Não usava franja (como se fosse de tirar e pôr) desde os 5 anos.
Tenho bolhas nos pés.
Tenho frustrações acumuladas de não arranjar casa (SIM OUTRA VEZ) nem um partimezito.
Passo 4h por dia em comboios.
Tenho a Ana comigo para todo o lado.
Tenho aulas fantásticas e professores incríveis.
Na minha Faculdade fazem um belo capuccino.
Encontro pessoas esquisitas todos os dias.
Perco-me.
Autocarros cheios.
O meu primeiro amigo foi um brasileiro que me disse que pensava que «aqui na Europa anda tudo à frente e afinal...»
Observo.
Durmo pouco.
Bebo uma cerveja e fico tocada.
Mentira, não tenho tido tempo para beber cervejas.
Teatro aos sábados.
Mais coisas para a lista.
Desespero.
Aquelas casas com gente jovem lá dentro. Riam-se, falavam, cozinhavam... E eu lá fora a sentir-me como nos filmes que passam a toda a hora durnate o Natal: uma sem-abrigo na rua a precisar de tecto e carinho. Cansaço e poucas horas a dormir. Chorava ria.
Folheio jornais. Leio jornais. devoro jornais e revistas. Gasto demasiado dinheiro na leitura.
Tenho saudades.
Tenho ideias.
Tenho sonhos. Mais.
Vou a sítios estranhos com esperança de trabalho.
Rio. Sorrio.
Brinco com as nuvens.
Como sopa e bebo chá.
Tive ataques de doces.
Detesto roupa de meia estação.
Hoje chove e veio o vento e o frio.
Quero ver um filme. Vou.
Afinal está tudo na mesma. Eu.
E a roda-viva.
Mas com companhia.
É mais divertido.
Canyoning
«Querem uma Luz Melhor que a do Sol!
Ah! Querem uma luz melhor que
a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas
que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é prados mais prados
que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores
que estas flores -
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!»
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
22 anos de vida 1 passatempo ganho
Concorri sem esperar nada como sempre, não tenho queda para coisas que precisam de sorte, sou mais do género trabalhar duro para conseguir. E até vou conseguindo mas desta vez também fui uma das sortudas. Uma semana, muita gente, comboios, pousadas, tradições, Mini Preço e Pingo Doce, pães com manteiga, panados, videos, fotografias. Pessoas. Que entraram nas vidas uns dos outros. Objectivo? Celebrar os 100 anos da República.
Obrigada.
(de 13 a 18 de Setembro)
domingo, 12 de setembro de 2010
«Nortada»
E na «Nortada» sente-se o cheiro de Outono a uvas-morangas, o vento nos cabelos e no rosto, a água gélida do mar, o sotaque "cantadeiro", os bombos, as Laurindinhas, os lenços na cabeça, os vendedores, as feiras, o vinho, a broa e o bacalhau, a humidade no ar, o linho, os charlatões, as igrejas, as moças, os moços, os castiços, respira-se respira-se.
E pela primeira vez ali senti que pertencia a Viana num revivalismo da terra em movimento.
Aplausos de pé.