quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Brincos de princesa

O que será que ela pensa agora, ali sentada num espaço que não reconhece. Que mundo? Que pessoas? Que rostos desfocados que ela tenta reconhecer. Será que tenta? Não percebe, não fala, não identifica. De vez em quando tenta comunicar em sons e ruídos animalescos até que desiste cansada. E suspira. Um suspiro longo e profundo. Impaciente. Não estava à espera, já estava à espera. Onde estará ela? Olha-me de alto a baixo. Olha-nos. Fica fascinada com a tenra juventude. Não sabe quem somos. Ou será que sabe? A mão trémula, enrugada mais do que o tronco do castanheiro não tem força para agarrar a minha. Desiste. Suspiro profundo. Os olhos brilham mas quem sabe se serão lágrimas... Ela dizia «São brincos de Princesa!». E eu acreditava. Ainda havia brincos de princesa, eu ainda queria ser princesa.

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