sexta-feira, 19 de março de 2010

Dois 2 com música














Há festas e festas. Esta foi maravilhosa. A família cantou e fingiu que tocou ou tocou mal, os amigos vieram de longe, outros mais de perto, mascarados, muitas mesas, muita comida, demasiada bebida, pais, irmãos, avós, a madrinha, os vizinhos, os primos. O bolo da Barbie e do Ken, a praia da Califórnia, a confusão toda, as borboletas na barriga, o acampamento, cores muitas cores, muitas coisas a girar na cabeça, muitas muitas.

OBRIGADA

à mãe
ao pai
aos manos
aos avós
à família
aos amigos
aos taxistas que nos levaram para casa

havemos de repetir! finalmente foram a Biana caraigo!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Vaivém

«Quantas horas ainda, antes do silêncio seguinte, não são horas, não será o silêncio, quantas horas horas ainda, até ao próximo silêncio? Ah saber o que se espera, saber esta coisa sem fim, esta coisa, esta coisa, este emaranhado de silêncio e de palavras, de silêncios que não são silêncios, de palavras que são murmúrios. Ou saber que continua a ser vida, uma forma de vida, destinada a ter um fim, como outras tiveram um fim, como outras poderão ter um fim, antes da vida acabar sob todas as suas formas. Palavras, palavras, a minha vida nunca foi senão isto, esta babel de silêncios e de palavras, a minha vida, que eu digo acabada, ou ainda por chegar, ou ainda em curso, conforme as palavras, conforme as horas, contando que ainda dure, desta estranha forma. (...) como se houvesse duas coisas, outra coisa para além desta coisa, o que é essa coisa inominável, que eu nomeio, nomeio, nomeio, sem a usar, e chamo eu a isso palavras. É que eu não encontrei as palavras adequadas, aquelas que matam, vindas das agruras deste infesto pasto ainda não me subiram à garganta, desta torrente de palavras, com que palavras nomear as minhas palavras inomináveis. (...) Todavia, tenho esperança, juro, de poder um dia contar uma história, mais uma, com homens, espécies de homens, como no tempo em que não duvidava de nada, de quase nada. Mas primeiro tenho de me calar e continuar a chorar, de olhos bem abertos, para que o precioso líquido corra livremente, sem queimar as pálpebras, ou o cristalino, já não sei o que é que ele queima. Olha podia ser este o tom, e o teor, a estupidez de uns soluços? Seria bom demais. Aliás, nem uma lágrima, nem uma, haveria mais motivo para me rir. Também não. Sério. Vou ser sério, vou deixar de ouvir, vou-me calar e ser sério, chegou a hora, voltou a hora. E voltarei a falar, quem sabe, para dizer uma história, na verdadeira acepção das palavras, da palavra dizer, da palavra história, tenho esperança, uma pequena história, aos seres vivos que vão e vêm num aterra habitável recheada de mortos, uma história curta, no vaivém do dia e da noite, se as palavras que restam chegarem até aí, tenho esperança, juro.»

amor por Beckett

amo delírios enrolados em palavras inomináveis e nomeio nomeio nomeio até perder a ponta do novelo

segunda-feira, 1 de março de 2010

Março Marçagão, manhãs de Inverno, tardes de Verão (já não se aplica)

e de repente... é Março!

De olhos azuis

Antes da tempestade que nos deixou sem luz e sem estores vivi uma grande noite. Não me divertia de uma forma tão genuína há algum tempo. Onde as coisas foram acontecendo. Não há ninguém na rua em Viana do Castelo nos dias mais penosos de Inverno. À primeira vista não se vê mesmo vivalma. Estava bem disposta e com muitas saudades destas minhas pessoas nortenhas. Pintei os olhos de azul. Não estavam os meus meninos todos, mas entre o Monte Velho, as coisas que aconteceram, acontecem, vão acontecer, nós, nós a crescer, nós e o mundo, nós e eles, o vento a começar a ouvir-se, a chuva, uma pista só para nós, dançar dançar, finos muito finos, adoro chamar-lhes finos, saboreio as sílabas ao dizer fino. Barbados, Califórnia, Angola, Viana que nos uniu e que nos une, passatempos do Continente, Rússia. baunilha, muita baunilha! e voltar para casa às seis da manhã a cantar já sozinha no carro debaixo da chuva que ameaçava revolta. E eu sorri muito. Esta noite devolveu-me pedaços. O dia seguinte devolveu-me olheiras e cansaço. E uma tempestade como nunca tinha visto. E muita luz das velas.

Just Matos!


no Porto fomos misses, em Braga fui dos Açores e do mundo, gostei deles e delas. das conversas pendentes e de amarrar com mais força os laços. sorella...