sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Telhados de vidro


Tenho a leve sensação de um camião que me acabou de atropelar. Já não percebo se é do cansaço, se algum vírus que me veio visitar, se da noite mal dormida. Hoje o caminho casa-trabalho foi eterno, no meio de delírios ainda do despertar em sobressalto, ouvia vozes longínquas a combinarem programas ou a desejarem um bom dia. Dormitei todo o caminho, um dormitar que me deixou as olheiras mais profundas, o corpo mais dormente e a cabeça ainda mais pesada. Estou cansada, estou estupidamente cansada por fora e por dentro. Hoje nem uma injecção de cafeína me levanta. Em frente ao computador começo a ver letras duplicadas, fico parada a olhar sem ver, a luz do ecrã magoa-me os olhos ainda mais do que o habitual e é pesado pesado. O fumo do tabaco deles entra-me pelo nariz acima e faz-me não parar de tossir. Hoje tenho cada célula com uma sensibilidade alucinante. Sinto-me nua. Hoje conto minutos embrulhada em vidros estilhaçados.

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