sábado, 10 de abril de 2010

Nova morada de aluguer











Vou começar pelo início, pelo dia seguinte, ou melhor, pelas poucas horas que se seguiram após a partida de Biana dos convidados com um destino mais longínquo.

Fiz e refiz a mala e deu asneira claro, porque com a ressaca com que estava por e tirar roupas e coisas da mala só podia dar merda (concluí eu aquando a minha chegada ao destino e vi por exemplo que tinha demasiadas camisolas de gola alta e só uma sapatilha para correr, isso mesmo, a outra ficou em cima da cama em Viana e a outra está aqui). Lá me decidi a fechar a mala e a ir-me deitar lá para a meia noite, após o olhar fulminante do meu pai a dizer que ia perder o avião porque não ia acordar. Às 3 da matina eu, a minha mãe e o Cunha estávamos a sair de casa. Muito sono e excitação no carro da minha mãe. À medida que o meu pai fica mais velho as viagens no carro tornam-se um pouco, hummm, nervosas. Ele fecha os olhos algumas vezes. E a minha mãe grita com ele «Zéeee!!!!!! Vais-nos matar a todos! Estás a dormir!!!!!!!» e ele responde com um olho meio aberto e o outro ainda fechado «Ai cala-te, tou nada a dormir, que histérica», e a minha mãe responde «Encosta aí», (independentemente de estarmos numa auto-estrada ou num caminho de terra batida) «Levo eu o carroo!!!!!!!», e então aí o meu pai acorda e diz que confia mais nele a dormir do que na minha mãe a conduzir, sexista. Mas pronto isto tudo para dizer que nada disto aconteceu desde minha casa até ao aeroporto porque o meu pai dormiu a sério pelo caminho e eu morri de medo mas estava com demasiado sono, e desta vez, a minha mãe dormia caladinha. Também tivemos alguns momentos de riso esúpido sonolento bastante divertido.

Eram praticamente 7 da manhã quando chegámos ao aeroporto. Check in, o estúpido do homem disse que eu não podia ir porque o meu voo de volta era num dia em que já passava dos 90 dias permitidos, coração apertado já cheia de medo, foi engano, posso ir. Uff... Fui beber o último café expresso de jeito e lá fui eu passar por mil pessoas, tirar fotos, sim ir para os EUA não é brincadeira. 7 horas e meia de voo, vi filmes, dormi pouco, cheguei com uma dor de joelhos incrível porque estava ao pé da janela e era chato estar sempre a pedir às pessoas para se levantarem (era um casal que se comeu bastante pelo caminho). Por volta do meio dia cheguei ao péssimo lugar, àquela coisa chamada Newark.

Tive de preencher 3 papéis a perguntar porque raio estava ali, se já tinha roubado crianças, se tinha armas lol, uma panóplia de coisas. Tive numa fila gigante tipo hora e meia, até chegar à cabine onde estava um senhor, snehor não, mister segurança a perguntar-nos mais coisas a tirar-nos fotografias, impresssões digitais. Até que... Minha querida tem de ir ao escritório para lhe fazerem mais umas perguntas.

Tremi. Office?! Carrrrrrrrrrrrrralho não vou conseguir entrar no país... E lá outro matução me veio buscar e levou-me para a sala de segurança. Aahaha! Então a sala de segurança era uma sala onde as pessoas (para aí 30 pessoas) tinham de estar sentadas (em pé não), com os telemóveis desligados, e claro, toda agente tinha acabado de sair do avião ninguém tinha comida ou bebida. As cadeiras tipo sala de espera estavam de frente para 6 seguranças que estavam de frente cada um para o seu computador a um nível mais elevado do chão, tipo num palco. Ao lado estava um escritório e um corredor. Os gajos iam chamando o nome das pessoas. A maior parte das pessoas, diga-se, eram mexicanos e indianos. Ah tinha casa de banho e uma televisão, nada mau. O silêncio era só cortado pelos seguranças e pelos responsáveis das companhias aéreas para nos dizerem que as malas estavam atiradas ao pé dos tapetes rolantes. Tive 3 horas intensas naquele suplício e a pensar que mesmo se me deixassem ficar ia perder o voo para San Francisco. Mas já estava a pensar era que me iam meter num avião e recambiarem-me para Lisboa.

E ouvi: «Marrta Cuna» e lá fui eu exausta dizer ao senhor que vinha ter com o meu namorado bla bla bla...... Mandou-me sentar outra vez. 15 minutos depois disse-me que não podia fazer assim outra vez, vir 3 meses sem visto, mas que me davam uma oportunidade agora mas que no futuro iam, estas foram as palavras «We'll be watching you». Estava borrada de medo mas não tinha tempo a perder prque ia perder o avião, corri. Não sei como, por aquele aeroporto fora. O voo estava atrasado. Se por um lado foi bom, por outro, foram mais 4 horas naquele aeroporto, sem saber se o avião chegava porque havia uma tempestade não sei onde. Quando chegou meu deus, respirei de alívio, foi tudo muito intenso. Dormi o santo caminho todo de Newark até San Francisco (5 horas e meia). E lá estava o mister James à minha espera, muito excitado e eu sem me conseguir mexer.

Foi pouco mais de uma hora até Santa Cruz. Vivemos numa casinha à beira-mar. É bom por estar em cima da praia, mas é um bocadão longe do centro. Tenho o mar a cantar para mim, enrola e desenrola na areia. Não se sente um cheiro forte a mar, é como se o Pacífico fosse mais imenso e o cheiro fica mais diluído mesmo tendo tantas algas. Os surfistas salpicam o mar e as pessoas a correr salpicam a beira-mar. A correr a empurrar carrinhos de bébé, a andar de bicileta, skates, sei lá...

Fiquei cheia de inveja da universidade. O campus é maravilhoso, no meio da floresta, no cucuruto da montanha, ir às aulas é quase como fazer picniques todos os dias! E há bambis e vacas e esquilos pelo meio dos campos.

Finalmente estou a tentar ficar em forma, já que foi perdida em erasmus e não recuperada ao longo dos 6 meses de estágio. E claro, quando o tempo permitir a sério, aproveitar para um granda bronze (para já é só bronze à trolha de correr). Comecei aulas de modern dance na universidade. É engraçado, a professora é um máximo e temos um menino grande a tocar piano e drums para nós.

Já visitei uns quantos sítios giros, Berkeley, um bocadinho de San Francisco, Nevada City e a casinha dos ursinhos, UNO e pass the pigs, Los Gatos, vi pessoas que já conhecia, deslumbro-me sempre que os carros param para eu passar, porque sim, os carros aqui param sempre para um peão, estranho não haver rotundas mas sim trinta mil stops em cada esquina, gosto dos carros com saltos altos, de tudo ser tão mais barato e de existirem mil lojas malucas de roupas e coisas e tralha em segunda mão. E já tivemos a nossa party de óculos e chapéus... com margaritas!


E é esta a minha nova morada de aluguer...
Ah! e tive direito a um remake de aniversário, com direito a coroa e tudo.

e a verdade é que já se foi quase um mês.

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